Tal como fomos intoxicados pelos partidos da oposição sobre os malefícios da política dos anteriores governos em relação a tudo, mesmo em relação à crise e aos mercados que, subitamente, passaram a ser internacional e inimigos de Portugal, respectivamente, também o fomos em relação à política educativa, com o sistema de avaliação dos professores, que subitamente passou a ser menos importante e a merecer um virar de página, e à incompetência diplomada do programa Novas Oportunidades.
Claro que o relatório da OCDE foi imediatamente desvalorizado e acusado de esconder a realidade do país. Não se percebe muito bem quais os instrumentos que Nuno Crato e a restante oposição, particularmente o PSD e o CDS, usaram para medir a realidade do país nem o desvio existente, segundo os mesmos, entre o real e o imaginado e descrito no dito relatório. Nem a causa da OCDE, apesar de em anteriores relatórios ter espelhado o horror da governação socialista, aliás aproveitados pelo agora Ministro, ter repentinamente optado por esconder fosse o que fosse.
A dúvida metódica é um método de análise muito apropriado que deve ser aplicado a todas as questões que se nos colocam, de forma crítica e sistemática. Portanto, após a observação da abrupta mudança de estilo e de verdades inquestionáveis a que o PSD e o CDS nos habituaram, com a fronteira bem demarcada pelas eleições legislativas, podemos mesmo, através desse método cartesiano, concluirmos que se alguém escondeu, ou melhor deturpou, a realidade, foram os partidos da anterior oposição.
Nota: A propósito vale a pena ler Hugo Mendes