A seguir às eleições veio o caso Face Oculta que indirectamente envolveu o primeiro-ministro, através de escutas telefónicas, e veio, também, o «plano» de controlo da comunicação social, sobretudo a compra da TVI pela PT, o que deu continuidade à grande farra: José Sócrates é o «cérebro» do dito «plano» – dizem – e mentiu ao Parlamento sobre a compra da TVI. Acrescentam que José Sócrates não tem credibilidade para governar. Até é possível que seja verdade, mas em democracia o que conta é a opinião de todos e não a opinião dos «iluminados». E esse teste só pode ser feito através de novas eleições. Mas fogem todos de eleições como o Diabo da cruz. Temem que a sua opinião não corresponda à opinião do todo nacional – dos eleitores. O Presidente da República, que pode demitir o primeiro-ministro, assobia para o ar; os partidos, que podem apresentar uma moção de censura ao governo, encolhem-se e escondem-se uns atrás dos outros. Para salvar a honra do convento, o PSD e o BE, exactamente os partidos que apanharam o duche gelado nas últimas eleições, vão avançar com uma comissão de inquérito parlamentar para avaliar o grau de envolvimento de José Sócrates no «plano» de compra da TVI pela PT e se mentiu ao Parlamento. No fundo, vão tentar provar se «sexo oral é sexo». E vão levar como prova, em vez de um vestido com nódoas, as nódoas colhidas pela polícia através de escutas telefónicas. O PSD e o BE não vão dignificar a figura da comissão de inquérito, nem o Parlamento. Vai continuar a degradação do regime, mais do que a imagem de José Sócrates, só porque o Presidente da República e os partidos da oposição temem eleições e optaram por «cozer» José Sócrates em lume brando. É mau. Muito mau.
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