Autoridades dizem que médico é ameaça
A Polícia Judiciária (PJ) aconselhou a Ordem dos Médicos e o Ministério Público a ordenarem a dispensa e o internamento compulsivo de um médico de clínica geral, que, ainda assim, continua a exercer a sua actividade no Centro de Saúde de Alverca do Ribatejo (Vila Franca de Xira). Uma brigada da secção de homicídios da PJ, chamada para investigar uma agressão atribuída ao clínico, considerou que o comportamento representa um perigo contínuo para a ordem e saúde públicas, após concluído o inquérito solicitado pelos responsáveis do Ministério Público (MP) de Vila Franca de Xira.
O médico é suspeito num caso de tentativa de homicídio e ameaças à população na urbanização onde vive, na Quinta da Maranhota, Vialonga (Vila Franca de Xira), encontrando-se há mais de um ano proibido de contactar com os queixosos e com termo de identidade e residência. Ainda assim – averiguou o JN – o médico, viúvo e que vive com um filho e uma companheira, não se coíbe de continuar a injuriar e ameaçar de morte vizinhos, familiares e colegas de trabalho. [...]
[...] Fonte da Ordem dos Médicos (OM) garantiu existirem algumas queixas de utentes do Centro de Saúde de Alverca contra o comportamento do clínico, que permanecem em fase de inquérito. “Pelo menos duas acusações constam no processo desse profissional. Mas não quer dizer que não possam existir mais contra ele”, adiantou aquela fonte. O primeiro inquérito aberto naquela entidade, com base em denúncias, remonta a 2006. Todavia, o JN sabe que ainda não foi concluído qualquer dos inquéritos.
[...] Apesar de uma longa denúncia subscrita por 35 agregados familiares da zona e entregue aos dois delegados de Saúde de Vila Franca de Xira, há três anos, onde exigiam que o médico fosse submetido a exames psicológicos, o Ministério Público só encetou a investigação após o suspeito ter alegadamente tentado matar um vizinho com um machado, quando soube que este era um dos seus subscritores. Mais recentemente, a Polícia Judiciária conseguiu reaver um fio de ouro que o médico arrancou do pescoço de um vizinho e que se recusava a entregar às autoridades.
[...]Denunciar o comportamento agressivo do médico revelou-se perigoso para os moradores do Lote 40 (onde mora o médico e a maior parte dos subscritores do abaixo-assinado) e dos prédios vizinhos. Após a entrega do documento, em Outubro de 2004, quase todos os moradores viram as suas vidas ameaçadas ou denegridas pelo clínico. João Tremoço e a mulher, Olinda Cadete, foram os primeiros a assinar o documento. De um momento para o outro, o casal – que já conhecia o médico, porque os filhos de ambos frequentaram a mesma escola – viu a sua vida a transformar-se num tormento. Até ao dia em que o médico, questionado por João Tremoço quanto à sua conduta pública, decidiu atingir com um machado o vizinho. “Estávamos cansados de que espalhasse bilhetes com ameaças. Nesse dia, como em quase todos, ele estava a ameaçar de morte a mulher dele. Desci as escadas e, ainda não tinha sequer tocado à campainha, virei-me para dizer à minha mulher para não descer. Foi quando ele abriu a porta e me atingiu com um machado na cabeça”, relembra João Tremoço, desenhador de profissão. “Quando dei por mim estava cheio de sangue com a lâmina na cabeça, que agarrei enquanto ele se enfiou em casa”, acrescenta a vítima. João foi suturado com 16 pontos no Hospital Reynaldo dos Santos, onde a PSP encaminhou de imediato o incidente para o Tribunal de Vila Franca de Xira.
daqui: http://jn.sapo.pt/2007/08/27/policia_e_tribunais/autoridades_dizem_medic_ameaca.html