A pedido do Discurso Directo, e como representante do Partido Socialista de Arouca, escrevi um texto sobre a importante data que hoje se celebra.
Por falha minha, o texto original ultrapassou em muito os 2000 carateres que me foram solicitados pelo que a redacção teve de fazer (justamente) os respetivos ajustes.
No entanto, deixo aqui o texto total que enviei:
Falar hoje sobre o 25 de Abril já não é só fazer o seu enquadramento histórico. Passaram 37 anos sobre o dia em que Salgueiro Maia e os seus seguidores, ao som de “Quis saber quem sou, o que faço aqui…”, rumaram ao Carmo em Lisboa.
Necessitamos sim de garantir que os nossos filhos e netos conhecem bem o que aconteceu e o que representou esse evento de 1974.
Hoje falar de Abril é principalmente avaliarmos de que forma esse momento histórico do nosso país – tão rico na sua história – se encontra refletido nos nossos dias e no exercício da nossa cidadania.
Um político e escritor francês escreveu uma vez que “Tudo o que aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade”. E é, provavelmente, na assunção da responsabilidade de cada um de nós, individual e coletivamente, que Abril parece, muitas vezes, ser esquecido.
A liberdade trouxe-nos um privilegiado conjunto de direitos, mas que devem ser acompanhados por um igual conjunto de deveres. E – sejamos francos – somos cada vez mais uma sociedade agarrada aos seus direitos e displicente com os seus deveres. E o equilíbrio de ambas faria de nós uma sociedade muito mais justa e equilibrada, onde se verifique uma efetiva igualdade de oportunidades, principal objetivo da revolução.
Ouve-se dizer, por vezes, que ainda não se cumpriu Abril. Mas Abril nunca se considerará definitivamente cumprido. Abril cumpre-se, ou não, todos os dias, nas decisões de cada um e nas decisões do Estado.
Continua-se a fazer Abril quando se luta contra o encerramento de empresas,
cumpre-se Abril quando se protege os mais carenciados;
cumpre-se Abril quando se luta contra a falta de disciplina e educação nas aulas e se investe na educação;
cumpre-se Abril quando se acaba com filas de horas num centro de saúde e se investe na saúde;
cumpre-se Abril quando se torna a justiça, a educação e a saúde mais acessíveis…
isto porque «um homem não é verdadeiramente livre com fome», um homem não é verdadeiramente livre sem habitação, um homem não é verdadeiramente livre sem educação, um homem não é verdadeiramente livre sem emprego.
Às gerações que vêm como impensável não ter a liberdade de fazer o que pretende, falar sobre o que lhe apetece, decidir como quer, é importante explicar que a liberdade não é algo que se tem, é algo que se conquista, todos os dias, no exercício da cidadania.
Nesta comemoração dos 37 anos do 25 de Abril não posso terminar sem recordar que foi esta revolução a grande responsável pelo Estado Social que temos. Custou muito edifica-lo e devemos todos estar atentos àqueles que olham para a sua redução (ou mesmo eliminação) como a solução para todos os males do páis. É nosso dever evitar esse desiderato. É nosso dever não abdicar do direito (ou dever) de votar e de participar nas decisões do país.
Viva o 25 de Abril!
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