Com este tema na moda lembrei-me que o primeiro artigo que publiquei no Roda Viva enquanto “cronista”, ou seja, com espaço próprio, versava sobre esta temática.
Assim, decidi transcrevê-lo para aqui. Que fique claro… trata-se do ano de 1993 (ou seja tinha eu – cof cof – 20 anos e ainda não se sabia, por exemplo, o que era um mail ou um CD) e achava que tinha irreverência normal (ou talvez não) para a idade. Aqui vai:
A POLITICA DE JUVENTUDE
Sempre que sou inquirido sobre a politica de juventude da Câmara Municipal de Arouca tenho a tendência a dizer que ela é “Completamente Nula”. Mas depois lembro-me que é mentira. Temos um torneio de futebol que até dura um mês. Mas é só. E ainda por cima só até aos 14 anos (espero não estar enganado). Será que daí para cima não há jovens?
Fala-se hoje da droga e sabe-se que a falta do que fazer é, muitas das vezes, meio caminho andado para a entrada nos meandros desse vício. E não se pense que é dramatizar em exagero. A droga está, cada vez mais, presente em Arouca.
Mas a que se deve toda esta inércia da Câmara em relação à juventude?
É dificil, para quem está de fora analisar a questão, mas mesmo assi arrisquemos. Existem três factores principais:
O primeiro tem a ver com a média de idades das pessoas que, actualmente, estão na Câmara Municipal. Não querendo estar a chamar ao edífico “Lar da Terceira Idade” a verdade é que a juventude não impera no elenco camarário e, como tal, as ideias jovens e para os jovens também não. Vejam-se outras localidades onde há musica, concursos, teatro, cinema (o nosso vamos esperando), animação nocturna, etc. Nota-se um esforço em ocupar a juventude (e não só). Parafraseando Zeca Afonso “O que faz falta é animar a malta…”
Outro dos factores pode ser o das prioridades, isto é, a Câmara tem coisas muito mais importantes a fazer e com que se preocupar. Se assim for… bem, pode ser um grande erro. A verdade é que a juventude é, quer se queira quer não, o futuro. E se não se motiva desde já a juventude em todos os campos, teremos um fenómeno actualmente muito comum no interior do nosso país: a desertificação. Se for verdade que a Juventude não é uma prioridade da Câmara Municipal de Arouca fica o conselho: redifinam as prioridades (que, a bem dizer, o povo não conhece).
Mas, também tem de se reconhecer, não se pode esperar que a Câmara seja o bastião da actividade juvenil. Afina, a Câmara já dá milhares de contos às demasiadas associações que existem no nosso concelho.
Chegamos assim a um dos maiores problemas de Arouca (que até já mereceu destaque na imprensa nacional): a paralisia associativa. A taxa das associações que realmente trabalham deve ser, mais ou menos, 10% (contas por alto). É devido a isto que a Câmara tem de ter a coragem necessária para acabar com o clientelismo e subsidiar só quem merece. Antes de dar dinheiro que obrigue as associações a apresentar um projecto de relatório de actividades. Se, no ano seguinte, se constatar que a maior parte das actividades não se realizaram, cortem-se os subsidios.
Enquanto estes três pontos, para mim base do problema, não forem analisados e revistos, a juventude arouquense vai continuar sucessivamente a dizer “Isto (Arouca) é uma grande seca”.
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