Havia na Assembleia da República uma Comissão de Ética. Ninguém sabia qual a sua utilidade até ao dia em que alguns deputados da oposição decidiram que a dita comissão devia avaliar as suspeitas de interferência do Governo- do actual governo – nos média. As audições a que temos assistido são um bom exemplo da mediocridade política em que este país vegeta e o toque de finados da Comissão. Montaram um circo, por onde desfilam, salvo raras excepções, vaidades incontidas, ressabiamentos vários e ódios de estimação. Tudo tão pequeno, tão baixo e tão ridículo que mete dó. Uns, eufóricos, distribuem pelos deputados fotocópias; outros, a destilar ódio em cada sílaba, envolvem o Rei de Espanha nos ataques à “liberdade de imprensa”; outros, ainda, venenosos, garantem a pés juntos, perante o ar cândido dos inócuos deputados, que sofreram pressões dos socialistas como nunca tinham sofrido em toda a sua vida. Cada um à sua maneira expôs o retrato das nossas elites jornalísticas: são homens e mulheres com partido, empenhados na luta política – o que é normal -, cobrindo-se com o manto diáfano da “liberdade de imprensa” – o que é vergonhoso. No final das audições, a Comissão de Ética está no mesmo sítio de onde partiu, no que diz respeito aos objectivos a que se propôs, mas deu um grande contributo para mostrar as misérias de quem tem por profissão informar.
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