ESTA DIREITA QUE ATACOU O POTE

por Pedro Sousa em 30 de Novembro de 2011

em País

Aquela crise que era só portuguesa e aquele pedido de resgate, frutos da incompetência de Sócrates e Teixeira dos Santos, está agora a atingir a Itália, mesmo depois de ter havido uma substituição do governo.

A França, a Espanha e a Alemanha seguir-se-ão. Mas o nosso governo mantém o modelo da austeridade, assume o papel contristado de PIG penitente perante a Chanceler alemã e Os Mercados, que não reconhecem o seu fiel discípulo.

Hoje a maioria fez um pequeno teatro de preocupação com os pobrezinhos. Os contratos de trabalho assinados com o Estado já foram todos rasgados. Além dos cortes salariais que incluem a supressão do 13º e do 14º mês, o governo prepara-se para acabar com o horário laboral de 40h semanais, com a elevadíssima taxa de desemprego.

Deve estar tudo certo. Os grandes economistas da oposição que sabiam todas as fórmulas mágicas para acabar com o desemprego e com a dívida, relançando velozmente a economia estão, com certeza, cheios de razão. Nós é que somos todos ignorantes, incompetentes e negligentes, todos filhos da ala socrática do PS, que ainda recebem ordens do grande chefe, enviadas de Paris.

Estamos, portanto, cada vez mais gregos.

Sofia Loureiro Santos

{ 7 comentários… lê abaixo ouadiciona }

1 F Santos 30 de Novembro de 2011 às 18:01

Deixa-me só relembrar-te algumas medidas do PEC 3, que antecedeu o que os senhores pretendiam a seguir, o PEC 4:

Suspensão do investimento público previsto para 2010;
Redução de 5% nos salários da função pública e congelamento de admissões e progressões de carreiras;
Congelamento de pensões
Corte de 20% no Rendimento Social de Inserção
Corte de 25% no Abono de Família
Cortes nos serviços públicos (saúde, educação,…)
Aumento do IVA para 23%
Tirado daqui: http://static.publico.pt/docs/economia/ComunicadoOE2011.pdf

Pior que coitadinho é fazer-se de coitadinho, que é o que os senhores andam a fazer pela voz do Dr. Seguro, que de seguro tem pouco.
De PEC em PEC chegamos aqui. E ter a distinta lata de atirar para o governo a culpa de ter de se tomar estas medidas, ignorando o buraco que cavaram em 6 anos, é patético.
Esqueceram-se com muita facilidade deste dado fundamental: no ano de 2005 a Dívida Pública Portuguesa rondava os 60% do PIB, mas em 2010, portanto num espaço de 5, 6 anos, o valor da Dívida Pública Portuguesa em % do PIB dispara para um valor que ronda os 100%.

E vens postar sobre atacar o pote??? Quem atacou o pote foram os senhores e agora que é o que é, fazem um escândalo como se não tivessem nada a ver com o assunto.

E pensam que por defenderem a manutenção de um subsídio aos funcionários públicos são os maiores. Pois eu digo que apenas reconhecem que, pelo menos um dos subsídios, tem de ser cortado. Não vi ninguém do PS a defender que se podia pagar os 2. Porque será?

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2 Pedro Sousa 3 de Dezembro de 2011 às 20:29

Caro F Santos,

Ainda bem que recordas o PEC 4, pois foi esse que essa gentinha que nos (des)governa hoje recusou por achar que já chegava de sacrifícios aos portugueses. Que tinha de ser pela via da despesa e não da receita. Basta ver tudo o que escreveu Passos Coelho nessa altura e ver que hoje tudo se alterou. Por isso, já sabendo ele na altura ao que ía, tratou-se de um ataque ao pote, preocupado com política, mais do que preocupado com o país.
Ainda na última entrevista à SIC foi confrangedor ver que o nosso PM não tem uma única ideia para o país ou até – importantíssimo nesta altura – uma ideia sobre qual o papel da Europa neste cenário. Foi até mais longe ao referir-se que temos de “defender Portugal”, curiosamente o slogan de campanha de Sócrates nas últimas eleições.
Esta gente que agora habita os corredores do Poder chegou lá através da mentira deliberada. Não é mentira que o PS deu muitos ditos por não ditos, mas na sua grande parte devido às constantes alterações do mercado de capitais.
O PSD chegou ao Governo conhecendo (talvez como nenhum Governo antes) a situação do país, fruto do trabalho da troika. Ainda assim, enganou todos com promessas de corte na despesa, no compromisso de não aumentar impostos ao trabalho e classificando como disparate o aviso de Sócrates de que estes pretendia “cortar o 13º mês”. É verdade, era um disparate porque foi o 13º e o 14º. E isso equivale a um corte de quase 14%. Não são 5%. Mas vindo de quem dizia não ser nenhum.
E, ainda assim, este Governo contou com algo que nenhum contou antes: um alargamento do prazo de pagamento e uma descida nos juros.
O aumento da dívida foi em prol do país em em seguimento de algo que em toda a Europa se passava, porque era um modelo de desenvolvimento totalmente sustentável e apenas abalado pelo crash financeiro. A explosão recente da dívida pública na Europa e no mundo deve-se essencialmente aos planos de salvamento do sector financeiro e, sobretudo, à recessão provocada pela crise bancária e financeira que começou em 2008. Aliás, “o défice público médio na zona euro era apenas de 0,6% do PIB em 2007, mas a crise fez com que passasse para 7%, em 2010. Ao mesmo tempo, a dívida pública passou de 66% para 84% do PIB.”. Como vês, crescimentos muito significativos. E não foi só em Portugal. Palpites depois do jogo, é fácil.
José Sócrates e o PS sempre defenderam que a solução tem de estar na Europa. E a total resistência inicial já vai sendo quebrada, quando a própria Alemanha começa a ter dificuldade em colocar a dívida. Porque, como sempre disse o anterior primeiro-ministro, isto é um ataque ao Euro, nada tem a ver com Portugal ou a Grécia, mas com os erros que foram cometidos nestes países.
Para mim em resumo:
a) A dívida portuguesa estava bem em linha com as nossas capacidades
b) A dívida aumentou significativamente quando foi necessário defender o país dos agiotas
c) Está provado que as eleições que aconteceram não mudaram absolutamente NADA e, portanto, foram um desperdício de dinheiro e de tempo. Quem não se lembra da célebre intervenção de Manuela Ferrera Leite na Assembleia onde disseram que bastava mudar de Governo e as taxas desciam de imediato? LOL . Ou a declaração de Passos Coelho que, devido ao aumento dos juros, disse “Os mercados não acreditam no Governo”. Pelos vistos neste também não e ele não se demite. Ou as declarações de Carlos Moedas, hoje secretário de Estado, que dizia que os mercados olhavam para a nova equipa do PSD como “uma boa notícia” LOL LOL e muitos LOL’s

E para aqueles que insistiam que a crise era só portuguesa, este gráfico do New York Times (insuspeito esquerdista) espelha bem a realidade da Europa, que tem de reagier unida.

Portugal, tal como toda a Europa, precisa de enfrentar o problema em conjunto. Nenhum país, per si, tem a responsabilidade do que se passa. E não tarda nada, isso vai acontecer. O que hoje é impossível, amanhã é verdade.

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3 Alberto Lopes 1 de Dezembro de 2011 às 12:22

@ F Santos:
pois também consta que a onda de investimento público implementada pelo governo de sócrates vem de uma teoria que corria na europa na altura. sócrates veio aplicar aquilo que os «lideres» europeus na altura acharam que era o que se devia fazer, visto que o empreendedorismo, sobretudo o português, sempre se deu melhor com o dinheiro dos outros (do estado, de preferência) do que com a economia real e o investimento de capitais próprios.
os que criminalizam esta época são revisionistas, cultores da memória selectiva ou apenas desonestos intelectualmente.
a bem da verdade, pelo menos reconheçam que nenhuma das balelas do discurso populista que levou esta comandita ao poder era verdade: nem tinham a lição estudada, nem sabiam o que fazer, como é demonstrado, por exemplo, pelo discurso do ministro das finanças.
enquanto o que resta da democracia não for completamente desmontado, a asneira continua a ser livre, cada um acredita no que quer e a verdade continua a ser aquela donzela semi desnudada que se viola sempre que há «oportunidade de mercado». nojo!

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4 inquieto 2 de Dezembro de 2011 às 9:14

vivam!

Caro F. Santos…

está tudo aí . não preciso mais nada!

Devo confessar que ando inquiet0, muito mesmo.
Não consigo perceber como é que um gajo com dois dedos de testa ainda não viu que se não invertermos já o rumo das coisas, o futuro só poderia ser o fim trágico.
NÃO HÁ NENHUM INTELEIGENTE, NO MUNDO, que me faça perceber que criando mais dívida em cima da que temos, poderemos caminhar para melhor!!
Basta só calcular um crescimento de 2% do PIB, a partir desde momento, e ver até onde terias que ir para pagar metade da dívida!

A menos que os esquerdas pensem em fazer haircut da mesma!(Devo confessar que são incompetentes a esse ponto)!

Mas aí, meu caro, eu não ponho o meu cérebro.

um abraço
inquieto

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5 F Santos 5 de Dezembro de 2011 às 9:20

@P Sousa

“b) A dívida aumentou significativamente quando foi necessário defender o país dos agiotas”
Ah?? Como??
Espera lá, então defendes o país dos agiotas pedindo-lhes mais dinheiro emprestado??? Não percebi…

De PEC em PEC íamos a caminho do fosso e com a cabeça enfiada na areia não queríam admitir que o caminho que estava a ser seguido era insustentável! Disso não se livram.
Era hora de deixar as ilusões de lado e pôr este país com as contas em ordem. É isto que este governo está a tentar fazer.

O PSD mentiu? Mentiu sim senhor! Grandes malandros!! Digo-o com as letras todas!! São todos iguais! Mas tu preferes, a esta distância da saída do Sócrates, dizer: “Não é mentira que o PS deu muitos ditos por não ditos, mas na sua grande parte devido às constantes alterações do mercado de capitais.” Um aparte, foi o que se passou em Arouca, certo?? LOLada.

Como diz o caro Inquieto ainda há-de haver alguém que me explique como é que um país se desenvolve com base no endividamento se escrúpulos do estado (tu chamas-lhe investimento…)

Sabes Pedro, a minha filiação partidária tem o peso de uma pluma nestas discussões. Aliás, sou militante por convicção e não por conveniência. E digo-te que um dia enviei por correio para Lisboa o cartão do CDS, não tarda envio com a mesma facilidade o do PSD.

Política à parte, quanto a ti não sei, mas no próximo ano vou ficar ainda mais pobre. A culpa, claro está, é do PSD, esses aldrabões. Mas prefiro um governo de direita nesta crise que um de esquerda: pode ser que a dívida não chegue aos meus tri-netos.

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6 Pedro Sousa 8 de Dezembro de 2011 às 22:56

Caro F Santos,

O dinheiro foi emprestado pelo FMI e FEEF. Os agiotas não são esses.

Sim, foi o que se passou em Arouca. Depois das eleições, sem maioria e forçado pela oposição a parar com as obras públicas (era uma exigência da oposição, quem não se lembra?) acabou com as concessões das estradas (famosas PPP’s). A de Arouca integrava a Concessão Vouga

Os tri-netos terão sempre dívida. O único país sem dívida no mundo deve ser a Coreia do Norte. Não devemos confundir dívida com déficit. A dívida é uma coisa normal, se controlada. Todos os países têm dívida.

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7 F Santos 14 de Dezembro de 2011 às 18:22

Pedro,

a dívida aumentou de 60% do PIB em 2005 para 100% em 2010 porque Sócrates, na sua demandada populista e de propaganda, era viciado em dívida.

Aliás, nota-se pelas declarações que prestou lá em Paris da França: “é uma coisa de crianças”… pois…

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