A GRANDE VITÓRIA DO PS – Nacional

por Pedro Sousa em 28 de Setembro de 2009

em Arouca,País

Depois de uma noite que foi o culminar de uma campanha árdua e difícil – sim, porque o PS não tem a arrogância de achar que não necessita de campanha – os resultados de ontem fizeram com que tudo valesse a pena.

O Partido Socialista recebeu um mandato inequívoco para liderar o país com o seu programa. Os portugueses pretenderam também que esse programa tenha que procurar o apoio de outras forças parlamentares. E assim será… julgo que o medo da instabilidade, dada o abismo de diferença entre PS e a 2ª força mais votada, não se coloca tanto como se temia.

Partido Social Democrata

O PSD, e em particular a sua líder, são os grandes derrotados desta noite eleitoral. Com uma descida acentuada do PS, foi incapaz de perceber o eleitorado e fazer com que este captasse a sua  mensagem. Provavelmente, tal como muitos disseram, porque não tinha mensagem para passar.

O PSD não conseguiu crescer sequer um ponto percentual, comparativamente com as últimas eleições legislativas. A prova mais que evidente que não percebeu nada do que se tratava nestas eleições e que a Verdade apenas dá votos quando verdadeiramente se pratica.

Manuela Ferreira Leite é derrotada em toda a alinha, beneficiando de uma crise económica sem precedentes, do apoio da máquina de Belém, de uma vitória nas europeias, do apoio da comunicação social e da campanha negra contra José Sócrates, ficou com o 3º pior resultado de sempre do PSD (pior só em 76, 83 e 2005).

Aqueles que nas Europeias concentraram em Manuela Ferreira Leite toda a responsabilidade da vitória, serão agora os primeiros a exigir a sua saída. Aliás, já se leu ontem, por blogs e twiter, que o povo é que é ingrato, estúpido e não percebeu. Ou como disse essa grande referência do PSD e de MFL, Alberto João Jardim, o povo enlouqueceu.

Outros derrotados, são, claramente, Pacheco Pereira, Alberto João Jardim (a nível nacional. Na Madeira teve grande vitória), Maria José Nogueira Pinto (responsavel pela declaração hilariante da noite) e Mário Nogueira da FENPROF.

Além disso, o PSD parece ter abdicado de fazer oposição, insistindo na expectativa do que irá o Presidente dizer, à espera que saia dali a explicação para o desaire. Foi o povo, caro Pacheco Pereira. O povo.

Partido Socialista

Muito dificilmente um primeiro-ministro teria sobrevivido a todas as campanhas pessoais de que foi alvo, à maior crise financeira mundial dos últimos 80 anos, ao maior aumento do preço dos combustíveis dos últimos 35 anos, ao maior aumento de preços de produtos agrícolas de que há memória e, convém não esquecer, à maior coligação de interesses corporativos contra um governo. Mas sobreviveu…

Sobreviveu porque mostrou aos portugueses que o PS defende a atitude certa e consubstancia essa atitude em medidas que ajudarão o país a crescer e que, anterioremente, nos levava no sentido certo até sermos abalados pela crise mundial.

Como a memória não é curta, recordemos o pós-europeias onde uma sondagem dava o PSD à frente do PS. Sim, foi daí que o PS partiu e trabalhou incansávelmente. O PSD crescia 7 pontos nessa sondagem. E o PS, que respeita as sondagens (ao contrário de outros) meteu mãos ao caminho a explicar do que se tratava nestas eleições, sabendo fazer passar a mensagem.

José Sócrates merece esta vitória mais do que ninguém, pois foi alvo de toda a campanha negativa que se conseguiu fazer (e presumo que continuarão a fazer).

CDS-PP

Paulo Portas é um resistente… e é o claro vencedor da noite eleitoral. Um crescimento inesperado (a olhar para as sondagens) mas no qual os centristas sempre acreditaram. Mais 9 deputados é obra.

BE

O bloco de esquerda capitalizou bem o descontentamento à esquerda e, portanto, é também um dos vencedores. Apesar das expectativas estarem acima do que se veio a verificar, a verdade é que passou a ser a 4ª força política e tem hoje o dobro dos deputados (16)

PCP

Já todos nos habituamos a que o PCP nunca perde. Está no ADN do partido esse pressuposto. Assim, ter passado de 3ª para 5ª força politica não é uma derrota, porque ajudou a tirar a maioria ao PS e porque teve mais 14.000 votos que em 2005. Tem de se admirar a análise…

Agora, vamos fazer ganhar Portugal.

{ 13 comentários… lê abaixo ouadiciona }

1 odin 28 de Setembro de 2009 às 9:40

Sinto-me a respirar melhor, acabou a asfixia democrática:
Afinal o Povo, é e continua a ser quem mais ordena.

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2 F Santos 28 de Setembro de 2009 às 10:30

Frase da noite eleitoral:
“Camaradas, o PS obteve hoje uma EXTRAORDINÁRIA vitória eleitoral!”

Não percebo como é que se pode considerar uma extraordinária vitória eleitoral descer de 45% de votantes em 2005 para 36% em 2009. Só no PS, claro está.

Incapazes de reconhecer o descontentamento do povo nas urnas. Se não repetiram a gracinha da maioria, devem tentar perceber porquê. Agora, ao menos, vão deixar de falar de “cima da burra”.

Excelente trabalho, meritório, de Paulo Portas. Com pouco dinheiro é possível fazer bons resultados.

A extrema-esquerda cresceu, mas ainda bem que foi menos que o previsto. Ainda assim, chamar a atenção que 20% dos portugueses votaram em partidos de raiz Estalinista, Leninista e Trotskista. Preocupante e dá que pensar.

O PSD estagnou. Depois das autárquicas há que rever a liderança do partido. Passos Coelho pode ser a solução para o futuro. O povo não se reviu totalmente em MFL.

Derrotados: Sócrates e Ferreira Leite.
Vencedores: Portas, sem dúvida, e Louçã.

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3 Pedro Sousa 29 de Setembro de 2009 às 0:33

Caro F Santos,

A euforia da vitória do Benfica, ainda te tolhe a visão :-D
Dizer que Sócrates foi derrotado porque perdeu a maioria, é o mesmo que dizer que o Porto só será campeão se vencer com mais de 8 pontos de avanço.
Quem ganha eleições não é uma questão de opinião… é algo que está definido matematicamente: + votos = vitória. As simple as that
As expectativas do PS estavam bem com os pés assentes na terra. É preciso não esquecer que o PS vinha com 26,58% das europeias, a 5 pp do PSD. Um enorme desgaste.
É só querer pesquisar um bocadinho e ver o que se disse na altura “cartão vermelho a José Sócrates”, “derrota pessoal do líder do PS”. O CDS-PP apresentou uma moção de censura no parlamento. O PS perdeu nessa altura mais de 500.000 votos. Portanto, a luta era grande. Mas foi vencida. Por muito que vos custe, esta foi, efectivamente, uma vitória extraordinária.
Em tempos de crise, quem é que os portugueses escolheram livremente para fazer Avançar Portugal? O PS e José Sócrates.

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4 odin 28 de Setembro de 2009 às 12:31

Estes gajos de mau perder, insistem que Sócrates foi um dos derrotados!
Só neste país, se pode dizer que o partido que GANHOU as eleições e vai ser novamente o GOVERNO de Portugal, é um derrotado.
Mais, com um lider que á 3 meses consideravam que estava acabado.

A CDU na alemanha desceu tambem em votos, mas lá ganhou, as eleições, aqui o PS perdeu??!

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5 F Santos 28 de Setembro de 2009 às 12:50

Caro Odin
não sabe ler? Eu por acaso disse que o PS perdeu as eleições?

Acho é incrível que o PM deste país, depois de perder a maioria absoluta e descer 9% em votos classifique a vitória de “extraordinária”. O meu amigo deve então concordar com isto.

Extraordinário é a vossa partidarite aguda… mas agora vão piar fininho.

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6 F Santos 28 de Setembro de 2009 às 22:03

Caro Pedro

Só agora reparei que tinhas metido o Mário Nogueira ao barulho, como derrotado.

Queres então dizer que as políticas na educação vão ser as mesmas? A avaliação dos professores, nos mesmos moldes, vai continuar?
Isso queria o PS, mas se todos os partidos defendem alterações ao modelo da avaliação, fez com que a vossa teimosia caísse por terra ontem.

E muito devido ao Mário Nogueira e à luta dos profs. Que tenham sido menos 100 mil votos no PS, é muito voto. Justiça lhes seja feita, que lutaram e ganharam. Por isso o Mário Nogueira saíu fortalecido, e não derrotado.

Mas se calhar os socialistas não conseguem perceber isto, do mesmo modo que acham que tiveram uma “extraordinária vitória eleitoral”. Palavras para quê??

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7 Pedro Sousa 28 de Setembro de 2009 às 23:30

Caro F Santos,

O objectivo de Mário Nogueira e de muitos movimentos de professores era tirar Sócrates do Governo. Chegaste até (podes pesquisar na net, se não encontrares eu ajudo-te) a ter movimentos de professores que fizeram circular um documento a procurar explicar, distrito a distrito, como tirar Sócrates do Governo. Aliás, documento que terminava com “Por mim, desde que não votem no PS, tudo bem!”.

Esses mais radicais (onde se insere o candidato comunista Mário Nogueira) perderam em toda a linha.

Os moderados – a grande maioria dos professores – não estavam tipo jogo de sueca a ver quem ganha. Vão continuar a lutar, provavelmente, mas também reconhecem o que de bom se fez.

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8 Vítor Soares 29 de Setembro de 2009 às 14:10

Caro Pedro:

Primeiro dizes isto:
“Paulo Portas é um resistente… e é o claro vencedor da noite eleitoral.”

Depois dizes isto:
“Quem ganha eleições não é uma questão de opinião… é algo que está definido matematicamente: + votos = vitória. As simple as that”

Não consigo entender

Então Paulo Portas é o grande vencedor porque teve mais votos do que em 2005, foi a sua maior subida ultrapassado os dois dígitos. Lógico.
E
Não se pode dizer que Sócrates saiu derrotado porque foi o único a baixar na intenção de voto em relação a 2005.

Onde está a coerência? Se quem ganha é algo que está definido matematicamente + votos = vitória, explica-me como é que portas ganhou?

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9 Pedro Sousa 29 de Setembro de 2009 às 15:23

Caro Vitor Soares,

OK, expressei-me mal, achei que era perceptível.

Uma coisa que resulta da “lei”, onde o vencedor é o mais votado. Depois podes ter algumas vitórias que não têm a ver com o mais votado. Têm a ver com as expectativas que existiam sobre esse partido e que foram ultrapassadas.

Daí resultar que Portas foi um dos grandes vencedores da noite eleitora. Acho eu…

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10 Vítor Soares 29 de Setembro de 2009 às 15:48

Eu também acho que o Portas foi um grande vencedor.

Mas pode-se também pensar na seguinte forma:

O PS foi o vencedor nestas eleições tendo em conta os votos que teve.
O PS foi o perdedor nestas eleições tendo em conta os resultados de 2005.

Existe sem dúvida estas duas formas de ver a coisa. Para o PS interessa a primeira e para os restantes interessa a segunda.

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11 F Santos 29 de Setembro de 2009 às 23:02

“Dizer que Sócrates foi derrotado porque perdeu a maioria, é o mesmo que dizer que o Porto só será campeão se vencer com mais de 8 pontos de avanço.” Aaaahhh???? Isso estás tu habituado no Sporting, o 2º lugar é que é!
Espera aí: então dizes que o Paulo Portas é um grande vencedor porque cresceu imenso em votação e o PS, pela mesma lógica, não é perdedor pela diminuição dos votos obtidos?? Contas e explicações, “à la PS”. Fica-te mal, digo já.

Caro Pedro, voltando ao Mário Nogueira: tu é que tens a visão ofuscada: o homem bateu-se contra esta política na educação, defendeu-a e mobilizou os profs, obteve records de manifestações, resistiu, viu o PS ser agora obrigado a rever as políticas e dizes que sai derrotado???? Eu sabia que eras obcecado pelo PS, mas estás a cair no ridículo, desculpa.

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12 JLMN 30 de Setembro de 2009 às 0:45

Concordo plenamente com F. Santos.. Acho que é por demais evidente a obcessao e o vulgarmente chamado de “palas”.. a politica deve ser feita de uma forma mais liberal e de uma forma mais “descontraida”.. Isto é apenas um conselho.. Porque estas mesmo a chegar ao ridiculo…Os resultados eleitorais sao por demais evidentes.. Sao um cartao vermelho para o PSD, mas sobretudo para o governo.. sao um sinal calro do povo que estão fartos de arrogancia.. e que querem mais moderação, mais diálogo e mais flexibilidade.. O PS pode agradecer ao PSD o facto de este ter uma lider muito fraquinha, se tivesse lá o Passos Coelho as coisas seriam seguramente diferentes.. Boa sorte para a Governação socialista..Pode ser que daqui a 2 anos o Passos Coelho e o Paulo Portas ponham a mão ao país…

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13 Pedro Sousa 30 de Setembro de 2009 às 9:42

Caro F Santos,

O Mário Nogueira participou em comicios da CDU onde se pedia a derrota do Partido Socialista… definiu um objectivo e falhou. Isso não é uma derrota?

Lá vou eu explicar outra vez a questão, como eu a vejo, da derrota e da vitória.
No quadro “legal” vitória ou derrota tem a ver com quem tem mais votos.
No quadro “politico” tem a ver com expectativas:
- O PS tinha como expectativa ganhar, conseguiu.
- O PSD tinha expectativa de ganhar, nem que fosse por mais 1 voto, como disse um alto dirigente do partido e falhou.
- O PP sempre disse que ía ter muito mais que as sondagens e ganhou.
and so on, and so on

Registo também que é vulgar nas respostas aos meus posts ou comentários, gostarem (não exclusivamente o FSantos) de colocarem alguns epítetos. É sempre mais elevado fazer os “debates” sem necessidade de recorrer a isso. Sugiro eu… não quero ser acusado de asfixia democrática.

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