Para finalizar sobre a Manif dos profs…

por Pedro Sousa em 9 de Novembro de 2008

em País

2 tópicos completamente diferentes:

a) Por favor, algum professor me pode enviar por mail (pmgsousa@gmail.com) um explicação do que está mal neste processo de avaliação? Mas sem “generalidades” do género “é burocrático”. Se esse é um problema, porque é que é? Quantas horas ocupa… o que têm de fazer? Onde, com quem?? Que seja um professor que me envie um texto como se eu fosse um aluno muito burro a quem é necessário explicar tudo… tim-tim por tim-tim

 

b) 3 cartazes muito infelizes na manifestação e que vi em fotos:

- Uma faixa a dizer “Plataforma: Retirem a assinatura do memorando com o ME”. Então primeiro assinam e agora dão o dito por não dito? Que exemplo de coerência é este? E se fosse o ME a fazer o mesmo?

- Um T-shirt a dizer “Sou prof e não voto PS”. Afinal, sempre existem interesses políticos nesta manif. Nem tudo é sobre a avaliação.

- Uma criança a ser usada para estes fins, com um cartaz “A minha mãe é prof. Não tem tempo para mim. Obrigado Lurdinhas.” Espero que a professora desta criança, quando a mesma de dirigir a ela com um diminutivo, não fique indignada. Foi a mãe que ensinou… e também é professora.

{ 10 comentários… lê abaixo ouadiciona }

1 Fernando Santos 11 de Novembro de 2008 às 6:54

Alguns dos motivos que levam os professores a discordar deste modelo de avaliação:

http://movimentoprofessoresrevoltados.blogspot.com/

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2 Pedro Sousa 11 de Novembro de 2008 às 7:32

Caro Fernando,

Obrigado pelo link, mas continuo sem perceber efectivamente o que se passa. Mas é limitação minha, concerteza.
O blog em questão tem um nome que dispensa comentários
O post com a Tomada de Posição Pública da Escola de Ermesinde (http://movimentoprofessoresrevoltados.blogspot.com/2008/11/com-orgulho.html#links), tem alguma informação útil, mas merece-me os seguintes comentários por pontos:
Ponto 1 – “Impõe uma avaliação que não proporciona um clima de harmonia nas Escolas, promove a competição entre colegas e inviabiliza o trabalho cooperativo” – não proporciona um clima de harmonia porquê? A avaliação é normal. Eu avalio muita gente e sou avaliado e se for mal avaliado perco dinheiro. Isso não me custa nada. A competição entre colegas não me parece nada mau. Dizer inviabiliza o trabalho cooperativo é mais uma generalidade que nada diz e que se pode dizer sobre qualquer tipo de avaliação;
Ponto 2 – O sistema de quotas deve existir. Eu avalio 5 pessoas e tenho um orçamento para cumprir. O prémio não será igual para todas se o orçamento não dá. Mesmo que sejam todas excelentes (o que seria fantástico), eu tenho de escolher.
Ponto 3 – Este ponto critica os critérios de escolha dos avaliadores e aí não sei se é justo ou não. Não sei porquê 7 anos e não 8 ou 6. Convinha que o ME explicasse porquê 7.
Ponto 4 – Se existe ilegalidade, é GRAVE!!
Ponto 5 – Parece-me blá, blá, blá… para ganhar mais uns anitos sem avaliação
Ponto 6 – Mais oque me parece blá, blá, blá… para ganhar mais uns anitos. Excepto a parte do Abandono Escolar, onde acho que têm toda a razão. Isso influencia a avaliação dos professores?
Ponto 7 – Mais uma ilegalidade? GRAVE
Ponto 8 – Os professores dizerem sobre os próprios professores que estes podem “falsear” resultados, é GRAVE mas é para a própria classe. Então não há princípios?
Ponto 9 – Se não existe forma de corrigir essas questões, então concordo.
Ponto 10 – A questão do tempo e da burcracia que ainda ninguém me conseguiu detalhar. Não sei se é verdade ou não.

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3 F Santos 13 de Novembro de 2008 às 3:47

“A competição entre colegas não me parece nada mau”.
Percebo que parta da sua experiência profissional em empresas para extrapolar este príncipio para outras áreas. A mim também não me parece nada mal, numa empresa comum. Numa escola, o que interessa a competição entre professores na perspectiva do aluno, que está lá ( à partida) para obter conhecimentos? O aluno não sai beneficiado com a competição entre professores? Em que é que podem competir entre si?? Eles são colocados, são-lhes atribuídas turmas e têm apenas de ensinar bem e ser avaliados por isso. Não vejo em que possam competir entre si.

“Eu avalio 5 pessoas e tenho um orçamento para cumprir. O prémio não será igual para todas se o orçamento não dá”
Aqui aplica-se a vertente economicista deste governo. Se tenho 2 profesores excelentes e só 1 sobe na carreira, que estímulo é aplicado ao que não sobe? Que benefício se obtem em ser-se excelente e não ter um igual reconhecimento de competências? Sistema de quotas? OK nas empresas.
“Os professores dizerem sobre os próprios professores que estes podem “falsear” resultados, é GRAVE mas é para a própria classe. Então não há princípios?”
Quando o avaliador também é avaliado pelos seus pares, pode-se criar promiscuidade e conflito de interesses, e isto aplica-se a todos os sectores de actividade. Quando um professor com mestrado é avaliado por outro com menos competências académicas, há riscos, concorda?

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4 Mário agostinho 14 de Novembro de 2008 às 11:49

No processo racional da tomada de decisões deve-mos por de parte as nossas ideologias garantindo ao máximo a independência do raciocinio,argumentando com coerência e factualidade,no entanto e visto que nós portugueses temos uma cultura muito clubista mesmo em relação à politica, não podemos levar ao extremo o discordar por discoradar( em relação á posição de um partido partido ou pessoa que discordamos). Por isso é importante discutir os assuntos da forma que estão aqui a ser discutidos.
Há uma grande pressão dos sindicatos e do próprio ministério, há já a criação de um clima de medo entre os professores e instituiçõs devido ás opiniões dos professores,na forma de reprsálias a nivel social e profissional e ainda agora todo este processo começou,imagino sendo eu português, o clima que vai haver entre professores daqui a uns tempos. Uma coisa é certa de 140mil professores estiveram 110 a manifestar-se (tendo em conta que nem toda a gente seria professor,mas que também concerteza muitos professores gostariam de ter ido e não puderam) e isso é um sinaal mais que evidente que algo no processo não está bem.
Sou estudante de mestrado em Ecologia e nas ciências os trabalhos são avaliados por 2 juris anónimos que muito provavelmente estão a milhares de quilómetros de distãncia e nunca viram o autor “nem mais gordo nem mais magro”, ou seja, é um processo de auto-regulação entre cientistas que o fazem de graça, aplicando-se o bom senso de cada um…e mesmo assim ocorrem fraudes e há incompetência, a uma escala obvdiamente baixa tanto é que de uma forma geral resulta. Agora como é que garantimos este bom senso e imparcialidade a pessoas que diáriamente convivem, que trabalham juntas e supostamente cooperam para o bem dos alunos???Isto não faz qualquer sentido e tão pouco é saudável para a pessoa que está por trás de um professor, contribuindo mais para a situação psiquica que se tem vindo a degradar nesta classe, porquê?:
1-aturar os filhos dos outros- não é fácil
2-muito trabalho em casa (nem todos) não remunerado-custa a todos
3-extrema impunidade e vulnerabilidade face a ameaças fisicas e morais dos alunos e dos próprios encarregados de educação – haverá pior?
4-em muitos casos há instabilidade no local onde o docente vai leccionar no ano seguinte , impedindo que os professores criem planos de trabalho coesos e duradouros com uma boa margem de experimentação e recolha dos resultados, contribuindo para a decadência do processo de aprendizagem dos alunos, além dos aspectos pessoais que muitas vezes o local onde o docente vai leccionar trazem- não faz sentido
5-são pessoas-com tudo o que isso traz

Vamos querer juntar mais um factor de stress como a avaliação entre os professores? (e não vou comentar se os critérios da avaliação são os melhores e sujeitos a interpretações pessoais)

Se a senhora ministra já leccionou (se calhar foi numa escola privada)não compreendo como pode propor isto e não acaba já com este processo (muito provavelmente por razões estritamente politicas). O que é certo é que se existe a necessidade de avaliar os docentes, acho muito bem que o governo avance com medidas mas esta não me parece ser a melhor e apenas me foquei num aspecto deste processo que considero mais relevante.

Finalmente gostava de deixar alguns aspectos a nivel educativo para reflexão:
1- Os professores do ensino superior não são obrigados (e quase nunca acontece pelo menos na área das ciências) a possuirem qualquer formação pedagógica – parece-me que os alunos ficam a perder
2-o financiamento das faculdades dentro das universidades é carente de coerência-mais uma vez os alunos perdem
3-o projecto novas oportunidades o qual tive a oportunidade de acompanhar quando um familiar o realizou, traz um grande impulso a nivel pessoal e mais importante faz com que as pessoas tenham a noção das suas competências sendo extremamente positivo, no entanto a forma como está a ser anunciada é irreal, ´não há ou são residuais os conhecimentos adquiridos, quero dizer com isto que basicamente não se aprende, mas há maioritáriamente um processo de auto-reflexão – o anuncio audiovisual parece-me digno de ser considerado propaganda

Sugestão:
O ministério deve apriximar-se um pouco mais dos factores socio-culturais, e afastar-se um pouco dos objectivos da C.E.- só com esta abordagem se podem realizar medidas concretas e adaptadas à realidade,resolvendo os problemas cirurgicamente, e é nesse tipo de medidas que tem que ser gasto o dinheiro (leva tempo a colher os frutos mas foram criados na nossa horta)

P.S-parece-me incoerente extrapolar de empresas para o o processo educativo, os fins são diferentes, num ganhar dinheiro, noutro educar pessoas

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5 Pedro Sousa 14 de Novembro de 2008 às 14:10

Olá Mário,

Bem vindo e obrigado pelo contributo.

Não acho que seja possível olhar para sectores basilares da sociedade sem carga ideológica, assumida ou escondida. E quando digo escondida, muitas vezes inconscientemente. Acho “insultuoso” :-D que ache que isso é irracional. É uma opinião como qualquer outra.
Eu, nos 35 anos que levo, nunca vi os professores receberem uma alteração de braços abertos e de forma ilogiosa. Deste Governo ou de outro. Se calhar já houve e eu nunca me apercebi.
De qualquer forma, acho a profissão de professor muito difícil. Isso sem qualquer dúvida. Mas isso não é desculpa para não serem avaliados e sofrerem consequências em função dessa avaliação. Não há nenhuma função no mundo que não possa ter critérios de avaliação. É possível ter objectivos para todas elas.
Quando detalha as dificuldades da vida do professor, isso para mim não é relevante, desculpe. Todas as profissões têm os seus pontos positivos e negativos e está nelas quem quer. Até, por exemplo, os vendedores são ameaçados fisicamente, muitas vezes.
Não acho muito incoerente comparar escolas com empresas: deve haver competição entre escolas. Por exemplo, porque é que na mesma escola há vários professores de matemática e uns têm mais sucesso que outros?? O meio-social é o mesmo, o meio físico também, as condições também. Isso acontece porque há professores MELHORES que outros e esses devem ser premiados e os piores de todos penalizados. Há países onde 3 avaliações negativas (2 ou 3, não estou certo) levam à saída da profissão de professor.
Agora as posições estão tão extremadas que qualquer coisa que escrevemos a contrariar os 120 mil, faz de nós uns ignorantes, uns lambe-botas, uns gajos do Governo, blá,blá, blá. E isso não é assim. Eu continuo sem saber o que está mal na avaliação e tenho a certeza que a culpa é minha. Tudo o que ouço são generalidades, algumas boçais, sobre os porquês do fim do modelo.
Continuo com vontade de o perceber ao detalhe, mas não encontro essa informação explicada a não-professores em lado nenhum.
E os alunos aproveitam a onda… é confrangedor ver os alunos nestas últimas manifestações, MANIPULADOS por alguns professores (para que seja claro, MANIPULADOS, por alguns professores), dizia eu ver os argumentos dos alunos… ainda hoje um cartaz dizia “Vamos acabar com estes estúpidos exames”. Claro … e porque não acabar com as aulas, com as notas, e afins?
Independentemente do que digam, não tenho nada contra os professores. Pelo contrário, tenho uma irmã professora e vejo o que ela trabalha… no entanto, não vou em “rebanhos” e gostava de ver nalgun sítio, explicado a não-professores, que raio de mal tem este modelo.
Deixe-me citar um post do blog Portugal Contemporâneo, que acho que espelha esta ausência de coisas concretas na reclamação sobre o sistema de avaliação:
“Uma professora do ensino secundário assina hoje um artigo de opinião no Público (p. 41) sob o título “Carta à ministra da Educação sobre a minha incredulidade”.

As razões da incredulidade da professora face à ministra são:

“-pela forma como pretende…

-pela forma como diz…

-pela forma como diz..

-pela forma como diz…

-pela forma como transparece…

-pela forma como diz…

-pela forma como diz…

-pela forma paternalista como diz…

-pela forma como diz…

-pela forma “conveniente” como se agarra…

-pela forma como coloca…

-pela forma como tenta…

-pela forma como diz…

-pela forma como diz…

-enfim pela estranha concepção que tem…”

Não existe uma única razão de substância, são tudo questões de forma. A professora termina com o seguinte parágrafo:

Faço parte de um órgão de gestão. Pus a hipótese de me demitir. Mas não. Não sou eu que tenho que me demitir“.

Generalidades…

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6 Mário agostinho 15 de Novembro de 2008 às 12:22

Olá só queria adicionar uma chamada de atenção…Quando me referi à irracionalidade estava a escrever para os intervenientes desta história e não a nós comentadores.e.g. a senhora com a t-shirt a dizer que não vota ps, certos professores e muitas vezes sindicatos que como disses-te ,e bem, quase nunca aceitam medidas que os governos aprovam (atenção,nsta medida a contestação é um pouco maior), para a posição inflexivel (que não pode ser no meu entender) da ministra e do governo e por fim o exemplo da manipulação de professores em relação aos alunos, isso é irracional e não faz sentido. Muito menos sentido faz sindicatos,professores e governo tomarem decisões por razões politicas. Era a isto que queria dizer com irracional.
Segunda chamada de atenção:
“O que é certo é que se existe a necessidade de avaliar os docentes, acho muito bem que o governo avance com medidas mas esta não me parece ser a melhor e apenas me foquei num aspecto deste processo que considero mais relevante”
Para finalizar sinceramente acho que embora ão seja bom, é normal que as pessoas lancem ataques ccom cariz de revolta e não factuais e achop que isso tem a ver com a forma como os próprios meios de comunicação tratam os assuntos, simplesmente interessa o que vende mais , e insinuações vendem mais do que factos carregados de burocracia, e sim é verdade que são criticas maioritariamente gerais e eu quiz focar especificamente a minha opinião num facto especifico como a saúde mental dos professores que eu acho psicologicamente das mais stressates. Vou tentar informar-me mais e tentar expor algo que ache relevante.

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7 Fernando Santos 17 de Novembro de 2008 às 3:32

“E os alunos aproveitam a onda… é confrangedor ver os alunos nestas últimas manifestações, MANIPULADOS por alguns professores (para que seja claro, MANIPULADOS, por alguns professores”

Pedro, desculpa, mas o que é que isto tem a ver com os professores? Este discurso à Secretário de Estado da Educação nem parece teu! Passa pela cabeça de alguém que os professores incentivem à manifestação dos seus alunos, ainda por cima por motivos que não lhes dizem respeito? E se passa, pode-se provar pf?
Mais, quando escrevo este post já é notícia

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8 Fernando Santos 17 de Novembro de 2008 às 3:35

que a ministra voltou atrás na decisão de sujeitar a exame os alunos que faltem JUSTIFICADAMENTE durante um determinado período de tempo. Em que ficamos? Tanta inflexibilidade com os professores (porque tem de lhes pagar) e com os alunos bastou uma chuva de ovos para voltar atrás? Haja bom senso…

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9 Pedro Sousa 17 de Novembro de 2008 às 16:08

Fernando,

Sobre os profs incentivarem alunos, sito a SIC
“SIC — De certo modo eles [professores] incentivaram a vossa manifestação?
Aluna — Claro que sim, claro que sim!”

ou a ler no jornal Avante o que disse o professor João Martins, da escola José Afonso no Seixal:
“«Nós tivemos uma grande preparação para esta manifestação. Estivemos três ou quatro semanas a distribuir documentos nas escolas. Os estudantes saem daqui com uma percepção maior do que é a luta e porque é que estão a lutar. Em causa está, por exemplo, o Estatuto do Aluno. «O Governo, no ano passado, já queria implementar o Estatuto do Aluno. Face ao protesto dos estudantes essa medida não foi concretizada. Esta é a prova de que se lutarmos conseguimos vencer»

É PRECISO DIZER MAIS??

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10 Fernando Santos 18 de Novembro de 2008 às 3:21

Quanto à 1ª aluna, é óbvio que se sentem inspirados pelas manifestações dos professores (” de certo modo… sentem-se inspirados…”), mas não vejo nenhum incentivo destes à manifestação pública dos alunos. Estão a aproveitar a onda, isso sim.

No 2º parágrafo, 2 coisas:
Alguém tem de infromar os alunos sobre o seu Estatuto;
Fico sem saber a que “luta” se refere o prof: “Esta é a prova de que se lutarmos conseguimos vencer”. Está-se a referir à dos professores ou alunos?

Há uma opinião que partilhamos: se houver incentivo gratuito por parte dos professores à manifestação dos alunos, é grave. Se não, vejo como um direito que está a ser exercido. E até agora é o que tenho visto.

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