[...] A mãe e eu apontamos para longe, para o rio. Ele olha e entende as explicações, as histórias. Ele acrescenta palavras. E eu sinto-o nos braços, o seu peso. O nosso filho, a mãe e eu sorrimos. Mas, logo depois, baixa as pálpebras e diz que lhe dói a cabeça. Pouso-o sobre a cama. [...]
[...] Assistirmos ao sofrimento do nosso filho é estarmos em carneviva por dentro, é não termos pele, é um incêndio a arder no mundo inteiro, mesmo no mundo inteiro. E cada som do nosso filho a sofrer é silêncio em brasa, é a cabeça cheia de silêncio em brasa, o peito cheio, incandescente, o mundo inteiro em brasa.[...]
excertos de uma fantástica crónica de José Luis Peixoto, que recuperei da Visão de 14/02/2008
{ 0 comentários }